quarta-feira, 27 de junho de 2012

Filhos do Éden - Herdeiros de Atlântida (resenha)

I can't take my eyes of you

Kaira, da casta dos Ishins, conhecida como a Centelha Divina, também uma arconte, uma capitã de brigada angelicais (conhecidas também pelo nome de coro),  é enviada em uma missão até a terra em busca de algo que pode ser decisivo na guerra civil travada pelas facções lideradas pelos arcanjos Gabriel, a Chama Sagrada, a quem a arconte serve e Miguel, o Principe dos Anjos a mais de dois mil anos. Uma vez no plano material, a ishin se envolve em uma batalha e, junto a seu parceiro Zarion, um querubim, desaparece sem deixar rastros.
Dois anos depois, são enviados em missão de resgate o serafim Levih, o Amigo dos Homens e o querubim Urakin, o Punho de Deus, encontrando-a na cidade de Santa Helena, na região serrana do Rio de Janeiro, vivendo com o nome de Rachel e constatam sua perda de memória. Com a ajuda do querubim exilado Denyel, eles partem em uma jornada em busca das memórias da arconte e daquilo que pode mudar totalmente a conjuntura celeste e terrena. 
É aí que nossa aventura começa.


Quando eu li A Batalha do Apocalipse, também do escritor Eduardo Sphor, eu fiquei maluco. De verdade. O cara é muito criticado mas eu adorei ver uma história tão bem ambientada, em um mundo tão amplo e de possibilidades quase infinitas criada por um brasileiro e que se passa no Brasil.
Filhos do Éden é o primeiro de uma serie que terá dois ou três livros e se ambienta no mesmo universo de ABdA, embora não tenha uma relação direta com o mesmo, se passando antes do evento principal do já citado livro.
O escritor parece bem mais maduro e solto nesse livro e confesso que me passou uma sensação totalmente diferente do anterior: enquanto nesse eu tive uma leitura regular, no anterior eu tive uma explosão e depois fiquei encalhado em uma saga que achei desnecessária para a história principal, tendo de usar da minha força de vontade para prosseguir na leitura. Não me entendam mal, essa passagem é muito bem escrita e, se presente em um outro momento - ou em outro livro, acho "Contos do Renegado" um nome interessante - seria sensacional e estasiante. Infelizmente ela é inserida em um ponto do livro em que eu estava tão empolgado pra saber o que viria depois, que o flashback foi deveras broxante. Já FdE (vou abreviar tudo a partir de agora u.u) se mostrou uma leitura morna e em nenhum momento me empolgou de verdade com sua trama principal.
Algo que me deixou triste foi a participação do arcanjo Rafael que, no livro anterior, é dito um dos supremos mais poderosos e seu paradeiro é misterioso (ele sumiu. ninguem sabe, ninguem viu) e aqui tem uma presença, embora importante, muito aquém do que eu imaginava, além de uma participação infima no embate entre as hostes celestiais.
Mas ainda sim o livro me proporcionou uma ótima diversão. O desenvolvimento dos personagens é muito melhor do que em ABdA, enfatizando os sentimentos dos mesmos e tornando-os mais humanos e assim, de mais fácil empatia e identificação. O querubim exilado Denyel é um canastrão típico do cinema de ação dos anos 80 e 90 e sua personalidade petulante me rendeu ótimas risadas durante a leitura, além de protagonizar alguns dialogos bem interessantes.

Da esquerda pra direita: Urakin, Levih, Kaira/Rachel, Sirith e Denyel.

As reflexões sobre o universo, natureza humana,  angélica e destino das entidades continua muito forte e foi um dos pontos altos do livro para mim, assim como a ambientação que continua incrivel, permitindo que você visualize todos os cenários com facilidade. Outra coisa que eu adorei foi o apêndice no fim do livro, com todos os nomes e descrições de personagens, castas e outros termos presentes no "sphorverso", que sem ele, se torna complexa a compreensão geral do mundo aonde se passa a história. 
A incerção da musica "I Can't Take my Eyes with You", de Frank Valli no livro me deixou bem curioso, servindo como um marco na narrativa e estou ancioso para saber se ela terá também algo a ver com a trama do segundo livro.

A canção é bem brega e piegas. Não imaginei que fosse assim enquanto lia :(

No geral, apesar de não ser incrivelmente empolgante, é um livro gostoso de se ler. Estou curioso para saber o que acontecerá no segundo. Recomendo.

Nota Geral: 3.5/5

9 comentários:

  1. Devo confessar que estou com ABdA versão de luxo aqui em casa há meses... Culpa de certos amigos em comum... Christian cof cof Jeff cof cof... Que me falam que é bem deficiente em certos aspectos, mas você parece ter gostado tanto que eu me animei um pouco a começar finalmente a leitura. lol
    Quanto a esse livro em si, me falaram bem dele, realmente parece que o cara melhorou os personagens dele nesse livro. Eu pretendo ler quando ao menos terminar ABdA o que deve levar certo tempo tendo em vista a quantidade de coisas que eu estou lendo no momento. @@
    Sobre o seu texto, só posso dizer que esta muito bom. :D Gostei de ver como você conseguiu fazer a resenha sendo interessante e sem conter spoilers para estragar a vida das pessoas que gostam de se surpreender. Você esta definitivamente no caminho certo.
    OBS: Nada disso o torna "normal" somente deixa a sua "anormalidade" menos agressiva aos olhos da sociedade.
    CHEERS!!!!!

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    1. Em ABdA, os personagens são estereotipádos e razos demais. Parece que ele pegou "O Heroi de Mil Faces", as tendencias de personagens do D&D e pronto, não se aprofundou mais. Me ganhou mais pela pesquisa incrivel que ele desenvolveu pra criação do universo aonde se passa o romance e pelas batalhas épicas. Mas isso é papo pra uma outra resenha :p
      Já nesse, eu gostei do relacionamento entre os personagens, que foi muito melhor desenvolvido do que no primeiro e acho que só tende a melhorar com a continuação da série.
      Gosto muito do Sphor e desejo todo sucesso ao cara e também que ele publique logo o segundo.
      Obrigado pelo comentário.

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  2. Muito boa a resenha Bira, ainda não li nenhum dos dois livros por causa da minha empolgação master pelo Guerra dos Tronos, que me faz consumir várias horas todos os dias enquanto eu os devoro..
    Sobre a resenha, posso dizer que esses tipos de histórias sempre despertam minha curiosidade, e depois de ter a lido, não é diferente, acabou somando um pouco mais de interesse em relação as histórias sobre os servos do genésio. Quando o Martin me poupar da dependência e me fazer esperar o 6° livro, vou partir para as obras do Eduardo Spohr, que desde que vc e o Harry me falaram sobre o "Punho de Deus" e da "Holy Avenger" quero gritar Odin só pra blasfemar os querubins..

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    1. Eu senti falta dos nomes das espadas e dos ataques especiais nesse livro. Eu ficava todo empolgado só de imaginar o Ablon disparando a Ira de Deus ou quando ele usava a Vingadora Sagrada (Holy Avenger pra quem não sacou a referencia).
      Quando você ler a gente troca uma ideia melhor sobre ele. Quero saber a sua opinião.

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  3. Gostei bastante da resenha, Leandro "anormal" Castro. Você deve continuar. Faça mais. Quanto ao livro, sendo sincero, não tenho interesse de lê-lo pois acho o tema abordado deveras desgastado. No entanto, com sua resenha tive uma ínfima vontade de lê-lo até. Admiro muito o Eduardo Spohr como pessoa( pois o conheci pessoalmente)junto com o Bruno Nascimento e o Christian Phellipe. E respeito o sucesso que ele tem, e desejo sempre mais a ele. Só que infelizmente, a escrita dele, muito bem detalhada, por sinal, não me cativou, pois dou valor exacerbado aos personagens, e ao meu ver e peca muito nos deles que são padrões demais e sem emoção. Mas, que sabe sabe um dia eu mude de ideia ou aprenda a ver outros pontos =)
    Bom, meu querido Bira, você está de parabéns e eu te recomendo procurar e ler outro autor também nacional: Leonel Caldela. Ele é meu autor brasileiro favorito que escreveu a Trilogia do mundo de Tormenta: O Inimigo do Mundo, O Crânio e o corvo e o Terceiro Deus ( Romances de RPG) e seus livros autorais: O Caçador de Apóstolos e Deus Máquina. Essa é uma recomendação que te dou.
    Então, seu 'anormal', eu li, e quero ler mais resenhas! Até a próxima! That´s all folks!

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    1. Lembro de ter jogado o Tormenta quando era molequinho. haha. Nem me lembro mais das histórias.
      Concordo com você quanto aos personagens sem emoção em ABdA mas em FdÉ a evolução é notória e creio que com o passar das publicações ele irá se tornar um dos melhores escritores do país.
      Acho que o que complicou mesmo a vida do cara pra com leitores como você foi venderem ele como o Tolkien brasileiro. A galera esperou muito dele logo de início mas acho que ele representou muito bem.
      Abraços Jef "anormal" Corrêa. Sempre que postar algo, mandarei a você (ou você segue o blog, o que me poupa o trabalho hahaha).

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  4. Vivemos a época de chupar o saco ou criticar invejosamente o Eduardo. Nunca li, nem tenho interesse agora, por não se tratar do tipo de ficção que amo. Mas ainda lerei. O Christian foi um dos poucos que criticaram sem parecer desdenhar.

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  5. Embora eu ainda esteja na metade de ABdA, o escritor já ganhou minha admiração. Mesmo considerando o elemento central que desencadeia toda a historia um elemento fraco e sem sentido, eu fui cativada pela amplitude de conhecimento que ele demonstrou a respeito das várias crenças abordadas. Sendo visivelmente um livro sincretista, o escritor teve o cuidado de não "entrar em contradição" ao fundir visões diferenciadas em uma só. E também fui cativada pelas batalhas épicas ( *-* ). Fiquei mesmo interessada pelas obras do rapaz. E essa sua resenha me deixou a fim de ler FdE tbm. Principalmente por você dizer que o livro enfatiza os sentimentos dos personagens, o que faz uma grande diferença em relação à ABdA,e é algo que prenderia minha atenção.
    Gostei muito da resenha. Continue escrevendo.
    See ya :*

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  6. Gostei da sua Resenha,cara.Como sempre defendo um aspecto de ABdA. É um livro com uma narrativa simples onde é fácil entrar na emersão do mundo criado por Sphor.Acho que como estrutura de criação, ele é muito bem feito, o universo é bem envolvente,só que como já citado acima por você mesmo, os personagens são feitos de estereótipos e bem lineares ,e isso não me agradou muito,porém não necessariamente eles devem ser diferentes ou totalmente imprevisíveis e originais, simplesmente eles não me passaram muita carisma e nem identificação. Infelizmente eu não posso falar muito sobre os FdE ou até mesmo opinar , devido ao fato de eu não ter lido. Mas como forma de escrita e execução de resenha, acho que você escreveu muito bem, agora espero poder ler FdE para um dia poder conversar com você com propriedade ( acho muito difícil xD)


    Fora, isso espero ver mais resenhas suas ,e até de outras mídias.Como filmes,séries, games e etc

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