terça-feira, 18 de setembro de 2012

Cronicas do Viajante #1 - Genésio "castando" meteoros


A muito tempo eu tenho vontade de manter certa regularidade nos meus posts ao blog, falar mais de cinema, conseguir falar de quadrinhos, postar novas resenhas de discos, livros. O tempo não tem me ajudado muito com isso mas eu continuarei tentando postar conteúdo sempre que possível.
Uma grande vontade que já tenho desde que resolvi começar a escrever neste espaço é a de contar algumas situações que acontecem comigo. Histórias curiosas, tensas, chatas, empolgantes. Todo tipo de situação que um profissional em arrumar confusões e se meter em furadas como eu consegue sem muito esforço. Depois do ocorrido de ontem a noite, resolvi inaugurar a seção Cronicas do Viajante. Espero que gostem do texto. Espero feedbacks.


Segunda-feira, 17 de setembro de 2012.


Já passava e muito das 22h. Fiquei muito tempo após a hora normal da minha saida da agencia e acabei por perder mais um dia de aula. Culpa da sobrecarga de pessoal. A noite estava quente e seca. Além disso, o ar-condicionado do onibus em que eu estava, como de praxe em todos os que fazem o percurso Duque de Caxias/Barra da Tijuca, estava inoperante, deixando o lugar tão aconchegante quanto a fornalha de uma fabrica de vidro.

Escutava um episódio de um de meus podcasts favoritos para abstrair o cansaço e a frustração das minhas "atividades de gente grande" diarias e tentar ignorar a temperatura insuportável. Já tinhamos cruzado mais da metade da Linha Vermelha, alcançando a altura de um shopping da baixada quando aconteceu.

Eu poderia expressar isso com uma onomatopéia mas não sei ao certo o que eu ouvi. O som não era como o de espelhos ou copos se quebrando. Era algo mais oco e seco. A reação mais óbvia era a de me jogar no chão mas a surpresa foi tanta que eu tive um certo delay entre ouvir, dizer um "mas que porra foi..." e me atirar naquilo que se transformou em uma cama de estilhaços.

Estando teóricamente protegido no nivel mais baixo do veículo, comecei a me concentrar nos sons que vinham de fora para me certificar se tudo estava bem, ao mesmo tempo que percorria o olhar ao meu redor e me deparava com rostos, em maioria femininos, assustados com o ocorrido. É realmente curioso que os horários mais perigosos para se circular nas ruas sejam os mais repletos de mulheres. Ao lado de uma delas, que se encontrava com as mãos sobre a cabeça enquanto orava a um deus, repousava o objeto que nos havia alvejado: uma pedra.

A area pela qual estavamos passando é vizinha a uma favela, bem próxima a quadras de futebol aonde crianças e jovens brincam durante todo o dia. Ao me levantar e olhar para tras, notei que a janela destruida era a do banco em frente ao meu, aonde havia uma senhora sentada. Ela estava atonita a ponto de não ter se movido. Felizmente foi a janela superior caso o contrário, algo ruim poderia ter acontecido.

Passei todo o resto do percurso até minha casa em estado de vigilância. Só consegui realmente relaxar após terminar meu banho e retirar alguns estilhaços que ficaram presos pelo sangue que coagulou dos arranhões em meu cotovelo esquerdo. Definitivamente, ontem não foi o meu dia.

[ATUALIZAÇÃO] Link para fotos
https://www.facebook.com/media/set/?set=a.471654169521827.104219.100000317446693&type=3

2 comentários:

  1. A sua narração me fez sentir em uma base militar afeganistã sendo apedrejada por rebeldes chineses enquanto leio um dos milhares relatórios semelhantes de um desses ataques. Com a exceção que o rebelde chinês é o Genésio. Seu brilhante.

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  2. Realmente, sempre que acontece uma merda grande, curiosamente a concentração de mulheres envolvidas é maior. Acho que o instinto natural delas é esperar algum "cavalheiro" que as salve.
    Então Bira, fez um exame completo na velhinha ?

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